Embora o cheque especial seja popular, esse tipo de crédito possui uma série de riscos ocultos. Veja como não cair nas armadilhas do banco.
Por conta da crise que o país enfrenta, é comum que muitos brasileiros recorram aos bancos para complementar o orçamento familiar. Os créditos podem ajudar a inteirar o valor de uma compra ou salvar a família em situações de emergência.
Contudo, existe um risco no uso exagerado de crédito – sobretudo o cheque especial. De acordo com o Banco Central, ele é mais comum em famílias de baixa renda, o que pode tornar o endividamento ainda mais grave.
Por que especialistas recomendam evitar o cheque especial?
O cheque especial é uma das modalidades de crédito mais populares entre os brasileiros devido à sua facilidade de acesso. No entanto, essa linha de crédito pode se tornar uma armadilha financeira devido aos altos juros cobrados.
O que é o cheque especial?
O cheque especial é um tipo de crédito pré-aprovado oferecido pelas instituições financeiras. Ele permite que o correntista utilize um valor adicional ao saldo disponível em sua conta corrente, até um limite estabelecido pelo banco.
Esse limite é definido com base no histórico financeiro e no relacionamento do cliente com o banco. Quando o cliente utiliza o cheque especial, os juros são aplicados sobre o valor utilizado.
Eles podem ser extremamente elevados, tornando essa modalidade de crédito uma das mais caras do mercado. Por exemplo, segundo um levantamento realizado pelo Procon-SP em fevereiro de 2023, os juros do cheque especial podem chegar a 150% ao ano.
Juros
Os juros do cheque especial são significativamente altos, o que pode levar ao endividamento rápido se o cliente não conseguir pagar o valor utilizado dentro do prazo. O acúmulo desses juros pode transformar uma pequena dívida em uma grande bola de neve financeira.
Inadimplência
Devido aos altos custos, a modalidade registra uma alta taxa de inadimplência. Em janeiro de 2023, os atrasos de pagamento de pelo menos 90 dias representavam 13,6% do saldo a receber dessa modalidade, segundo o Banco Central.
Uso inconsciente
Muitos clientes acabam utilizando o cheque especial sem perceber, principalmente quando fazem compras no débito sem saldo suficiente. O banco cobre a operação automaticamente, emprestando o dinheiro sem notificar imediatamente o cliente, o que pode levar ao uso inconsciente e descontrolado desse crédito.
Febraban cria novas regras para uso da modalidade de crédito
Para melhorar o uso consciente do cheque especial, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) implementou algumas regras. Em primeiro lugar, o banco deve notificar o cliente assim que ele entra no cheque especial.
Além do mais, o extrato bancário deve separar claramente o saldo disponível do limite do cheque. Por fim, os bancos devem oferecer condições de pagamento mais acessíveis se a dívida ultrapassar 15% do limite de crédito por mais de 30 dias.
Aprenda a usar a modalidade de crédito sem cair em armadilhas
Ajustar o limite do cheque especial para um valor mais próximo da sua realidade financeira pode evitar o uso desnecessário desse crédito. Isso pode ser feito no app do banco. Outra opção é cancelar o limite pré-aprovado, se você preferir não contar com essa possibilidade.
Caso opte por utilizar, lembre-se de fazer com moderação. Reserve essa linha de crédito apenas para situações emergenciais e evite usá-la para compras por impulso. Avaliar alternativas de crédito com juros mais baixos, como empréstimos pessoais, pode ser uma opção mais vantajosa.
Por fim, acompanhe seus gastos regularmente e faça um planejamento financeiro. Saber exatamente quanto você está gastando e onde pode ajudar a evitar a necessidade de recorrer ao cheque especial.
